Desde 2014 em terras brasileiras, o Watson está aprendendo o português do zero, como qualquer criança. Por isso, ele está estudando os traços culturais do vocabulário brasileiro e também a gramática portuguesa.

“Ele aprende de uma maneira muito similar à de um ser humano. O Watson estuda semântica, sintaxe, mas o que chama a atenção nele é que ele conecta todo esse conhecimento a cada contexto”, disse Fabio Scopeta, líder da IBM Watson no Brasil e na América Latina, em entrevista a EXAME.com.

 

Segundo Scopeta, o Watson terá uma fluência profissional na língua portuguesa até o final deste ano. Isso quer dizer que o supercomputador logo conseguirá trabalhar para uma empresa em um caso real. “É o nosso primeiro cliente com o Watson. Ele vai aprender o português específico e todos os seus sotaques dentro do Bradesco”, relata Scopeta.

Nas palavras da IBM, o Watson é o primeiro sistema de computação cognitiva disponível para comercialização no mundo. Ele interage com os seres humanos por meio da compreensão da linguagem natural, capacidade de aprendizagem e da identificação de padrões de comportamento.

Robô atendente

Dentro do Bradesco, o computador irá interagir com os clientes a partir do telebanco (serviço de atendimento pelo telefone). “Ele vai auxiliar o nosso atendente a tratar melhor os nossos clientes”, relata Marcelo Camara, gerente do Departamento de Pesquisa e Inovação Tecnológica do Bradesco, em entrevista a EXAME.com.

De acordo com Camara, o objetivo final da empresa é que o Watson fale diretamente com o cliente. No entanto, isso não quer dizer que os atendentes serão demitidos.

“O nosso funcionário vai fazer a curadoria do conteúdo para treinar o Watson. A combinação de um ser humano e o supercomputador faz com que o atendimento fique rápido, massivo e de qualidade”, ameniza o gerente.

Além do Bradesco, outras empresas já se mostraram interessadas no supercomputador, segundo Scopeta. Nos Estados Unidos, o Watson já trabalha com a indústria da saúde há algum tempo.

“Nascimento” de Watson

O Watson “nasceu” em 2003 e foi chamado assim em homenagem ao fundador da IBM, o empresário norte-americano Thomas Watson.

Contudo, foi apenas em 2011 que ele ficou conhecido em todo o mundo. O supercomputador participou de um jogo de perguntas sobre conhecimentos gerais, chamado de “Jeopardy!”, na televisão norte-americana. O resultado? Ele venceu todos os candidatos.

O supercomputador chegou ao Brasil no final do ano passado. No entanto, ele não veio fisicamente para o país. Como a invenção é composta por software e hardware espalhados pelos data centers da IBM, ele está apenas virtualmente no país, como um serviço na nuvem.

Até agora, o Watson fala fluentemente o inglês (sua língua nativa). Ele também está aprendendo a falar português, espanhol e japonês. De acordo com Scopeta, a voz do supercomputador pode ser escolhida pelo cliente.

“Não existe um limite de aprendizado para o Watson. Ele é o único sistema computacional que fica melhor a cada dia que passa”, assinala Scopeta