NO ITAÚ UNIBANCO, MENOS TIJOLO, MAIS ALGORITMO BANCO PODE FECHAR METADE DAS AGÊNCIAS EM 10 ANOS

NO ITAÚ UNIBANCO, MENOS TIJOLO, MAIS ALGORITMO BANCO PODE FECHAR METADE DAS AGÊNCIAS EM 10 ANOS

Daqui a dez anos, o Itaú Unibanco pode ter apenas metade do número de agências que tem hoje e, nos próximos três anos, o corte já atingirá 15%, disse Marco Bonomi, o executivo que manda em toda a área de varejo do banco, em reunião com acionistas na semana passada.

No mesmo evento, o CEO Roberto Setúbal disse aos investidores que o Itaú não foi agressivo na disputa pelo HSBC porque “estamos acreditando muito mais na agência digital do que na agência do tijolo físico.”  O Bradesco pagou 17,6 bilhões de reais pela operação brasileira do banco inglês.

As projeções de Bonomi sobre a rede física do Itaú e o fato do banco estar mais obcecado por algoritmos do que por expandir esta rede mostram que o Itaú começou a colher frutos tangíveis de sua estratégia digital 15 anos depois de abraçar a internet em sua comunicação, quando aninhou seu ‘i’ na @rroba laranja.

No primeiro semestre deste ano, 36% do resultado da área de varejo do Itaú foram gerados por operações que aconteceram na plataformas mobile ou pela internet. Há três anos, este número era de apenas 8%. Os gerentes do banco, que geravam 83% do resultado em 2012, agora geram 46%, de acordo com uma apresentação que o banco fez a investidores e está disponível em seu site.

O principal pilar da estratégia digital do Itaú é a abertura das chamadas agências digitais, um conceito que vai além do ‘internet banking’ tradicional porque inclui um relacionamento com um gerente e sua equipe de apoio. No segmento Personnalité, por exemplo, os ‘clientes digitais’ têm acesso a seu gerente de 7 da manhã à meia-noite, e se comunicam com ele e sua equipe por telefone, SMS, videconferência, email ou chat.

Há dois anos, o Itaú começou a abrir essas agências digitais para os clientes do Personnalité, que exige dos clientes um saldo mínimo de investimentos de 100 mil reais. O segmento tem hoje 44 agências digitais que atendem 254 mil clientes — um número que deve dobrar até o fim do ano que vem.

Agora, o banco está estendendo essa proposta digital ao Uniclass, onde espera atender 1,5 milhão de clientes em agências digitais até o fim de 2016.

Os esforços do Itaú mostram uma instituição brasileira tentando se reinventar no momento em que, no mundo todo, os bancos são ameaçados pela desintermediação financeira e desafiados por novas tecnologias, que cada vez mais reduzem a tradicional agência bancária a uma armadilha demográfica: um lugar adorado pelos vovôs… e desprezado por seus netos.

Setúbal não gosta quando chamam o investimento do banco em tecnologia de ‘aposta.’ “Aposta significa um risco muito elevado…” disse ele. “Dá aquela ideia de [algo] que pode dar certo ou não. Não estamos fazendo uma aposta, e sim um grande investimento, que acreditamos que vai ter um grande retorno. A demanda está lá. O cliente fica mais satisfeito e o banco consegue operar com custos menores.” Segundo o Itaú, no segmento Uniclass a rentabilidade da agência digital é 10 vezes maior do que da agência física.

Em 2008, o ano da fusão entre o Itaú e o Unibanco, 74% das transações do banco eram feitas por canais tradicionais (caixa, caixa eletrônico, e por telefone) e só 26% por canais digitais (internet e mobile).

Hoje, de 65% a 70% das transações já são feitas nos canais digitais — e o banco mais do que dobrou de tamanho de lá para cá. (veja gráfico abaixo)

Até o caixa eletrônico, que já foi um altar de alta tecnologia e recebia 43% das transações do banco em 2008, hoje responde por apenas 21%.

O esforço de digitalização do Itaú começou quando o CRM do banco — um sistema que acompanha e visualiza as interações dos clientes com a empresa — identificou uma ineficiência que, vista em retrospecto, hoje parecia óbvia: enquanto a agência ficava aberta de 10 da manhã às 4 da tarde, os clientes usavam os canais digitais para fazer transações em dois momentos de pico: antes de sair para o trabalho e à noite, ao voltar para casa.

“Estávamos com o tijolo físico aberto, custando dinheiro, e o cliente usando a internet…” diz um executivo do banco.

O banco também tem investido em melhorar a experiência de uso do cliente na internet, frequentemente se inspirando em sacadas de empresas como Google e Amazon. Por exemplo, no site do banco, o menu tradicional que lista as possíveis transações está sendo complementado por outro, no qual o cliente vai digitar o que deseja, como se estivesse na barra de busca do Google. O Itaú também tem acelerado as atualizações de seu app mobile. Em 2013, lançou oito atualizações. Ano passado, 35. E só no primeiro semestre deste ano, fez 20 — quase uma a cada 10 dias.

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Fonte: Veja São Paulo. Por: Geraldo Samor

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